Viagem ao Chile de Fazer 250 – Dicas – O que levar

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Olá, camaradas de estrada.

Por conta do meu vídeo no youtube, tenho recebido diversas mensagens, emails, comentários, perguntando uma série de dúvidas acerca da minha viagem com a fazer 250 para o Chile em Abril de 2017.

Pensei em gravar um vídeo contando isso tudo, mas não sou bom com essas coisas.

Bem, espero ajudar a todos. Vamos lá:

1 – Planejamento de rota.

Ao começar a planejar minha viagem, tinha em mente apenas meu destino: Valparaíso, no Chile. Aproveitar meu período de férias e ir de um oceano a outro sozinho de moto.

Posto isso, pensei comigo: o quanto eu consigo razoavelmente aguentar andar por dia ao longo de vário dias seguidos? Pesquisei alguns vídeos no youtube e as respostas eram várias. Alguns conseguiam rodar mais de mil km por dia, outros não passavam de quatrocentos. Não existe fórmula, você tem que conhecer seu corpo e sua moto.

Por minha experiência em viagens anteriores, estabeleci que buscaria rodar algo em torno de 600km por dia.

Sendo assim, entrei no google maps, tracei a rota de ida entre Rio de Janeiro e Valparaíso. Assim, pesquisei cidades para eu parar e dormir  que ficassem em torno de 600 km de distância da cidade anterior. Dei sempre preferência a cidades maiores. Outra coisa, alterei a rota para cruzar a fronteira com a Argentina por São Borja por ter lido que lá costumava ser mais vazio e tranquilo; não sei se confere, mas lá foi tudo tranquilo (falarei de aduanas mais à frente).

Quanto ao trajeto de volta, mesma coisa: google maps. Só que dessa vez estabeleci que gostaria de voltar por baixo, passando por Buenos Aires, cruzando o Uruguai e subindo o Brasil pela costa. Mesmo critério: rodar por volta de 600 km todos os dias.

Acho que essa quilometragem estabelecida foi o ideal. Quando o dia transcorria de forma tranquila, chegava na cidade antes de anoitecer, conseguia conhecer um pouco da cidade e depois descansar.

Essa foi minha rota completa:

MapaItinerário

 

2 – GPS

O pessoal me pergunta muito a respeito do meu GPS.

Primeiramente, gostaria de deixar aqui que acho muito útil – para quem deseja fazer esse tipo de viagem – de ter um GPS qualquer. Muitas das vezes encarei rotas fechadas e o GPS me salvava indicando caminhos alternativos.

O que uso na minha moto é um Multilaser Tracker 2 específico para motos. Compra-se no mercadolivre por algo em torno de 300 reais, acho que é o mais barato do mercado para motos.

Esse GPS é ligado diretamente na bateria da moto. Tem vídeos no youtube ensinando a fazer a instalação. Acho que aprendi a fazer a minha instalação pelo canal do Motoka Cachorro.

O sistema operacional que vem nele não é bom. Aconselho a todos que forem usá-lo a baixarem um sistema iGo. Usei e uso o sistema iGo Primo e não tenho do que reclamar. Os mapas da Argentina, Chile, Uruguai e Brasil eu baixei na internet, só buscar no google que vocês acham.

Sobre sinal. Não tive problemas com sinal do GPS. Funcionou em todos os momentos.

3 – O que levei

Nessa parte eu tinha muitas dúvidas antes de viajar. Vi muitos vídeos e cada um falava coisas diferentes. Cabe a você decidir.

Vou listar aqui o material que eu levei:

  • Chaves reservas (esse item é fundamental)
  • 2 litros de óleo Yamalube
  • Kit de reparo de pneu sem câmara (aqueles macarrões)
  • Spray reparador de pneu (aquela meleca que enche e vacina o pneu)
  • Desengripante e Graxa spray (para manutenção da relação – a fazia de 2 em 2 dias)
  • Vela (levei porque nunca havia trocado)
  • Lanterna (para realizar reparos noturnos)
  • Kit de higiene pessoal (pasta de dente, escova, sabonete, shampoo…)
  • Papel Higiênico
  • Remédios (essencialmente remédios para dor e antigripais)
  • Cordas (para amarrar as mochilas)
  • Tripé para câmera (para eu tirar fotos sozinho)
  • Balaclava/Luvas
  • Kit gambiarra (veda rosca, durepoxy, durex, suberbonder)
  • Tesoura/faca
  • Ferramentas
  • Notebook velho (para descarregar a memória da câmera)

Roupas:

  • jaqueta de moto X11
  • 1 calça
  • 2 bermudas
  • 2 shorts
  • 5 camisas
  • 1 regata
  • meias/cuecas
  • casaco de couro
  • camisa comprida de lã
  • pullover de lã
  • segunda pele
  • bota de couro
  • roupa para chuva

Obs.: Acho fundamental a moto ter cavalete central para fazer a manutenção da moto.

Obs2.: Levei tudo usando: duas mochilas e um baú de 45l. As duas mochilas foram no banco do carona, o que me serviu também como apoio de descanso para as costas.

4 – Documentos necessários

Outra pergunta bastante frequente.

Vou falar com a experiência dos países estrangeiros que rodei: Argentina, Chile e Uruguai.

Para rodar na Argentina e Uruguai você precisa:

  • Identidade (ou passaporte, mas este não é obrigatório)
  • Habilitação em dia
  • Documento da moto em seu nome
  • Seguro Carta Verde (este você paga pela quantidades de dias que pretende rodar nesses países. eu tirei a minha pela seguradora da minha moto, a Porto Seguro e me custou algo em torno de 130 reais).

Para rodar no Chile, você precisa:

  • Identidade (ou passaporte, mas este não é obrigatório)
  • Habilitação em dia
  • Documento da moto em seu nome
  • Seguro SOAPEX (compra online pelo site www.hdi.cl)

 

5 – Planejamento financeiro.

Bem, isso vai depender muito de quem vai viajar. Falarei da minha experiência.

Eu não tive a intenção de acampar e dormir na estrada (e nem os fiz) ao longo do caminho. Isso poderia economizar uma grana de hospedagem.

Planejamento foi: hospedagem + combustível + alimentação

Eu fiz uma pesquisa por albergues e hotéis de estrada nas cidades onde iria parar, levantando opções e preços. Portanto, para cada uma das cidades que dormiria eu já tinha estabelecido mais ou menos o quanto gastaria. Claro que isso não é fixo, temos que trabalhar om uma margem por conta de imprevistos e decisões de momento.

Sabendo o quanto separaria para hospedagem, era hora de saber o quanto gastaria com gasolina. Bem, basta saber o consumo médio (por baixo) da sua moto, dividir pela quantidade de kms da viagem inteira e multiplicar pelo preço do litro da gasolina.

Para saber: gasolina na Argentina, Chile e Uruguai é mais cara que no Brasil. No Chile chega a custar 5 reais. Na Argentina é algo como 4,50… 4,80…

Outro gasto a se levar em conta é alimentação. Estabeleça um limite de gasto por dia.

Para a grande maioria de interessados, segue abaixo a minha lista final de gastos e paradas da viagem:

Link para visualizar no google drive

 

6 – Aduanas

Quanto à aduana Argentina e Uruguaia, nenhuma preocupação. Eles são atenciosos e o processo se dá bem rápido. Para aqueles com identidade, dão um papel com o carimbo do visto que deve ser guardado com muita atenção.

A aduana do Chile que fui, a Paso los Libertadores, na Cordilheira dos Andes, é mais complicada. Primeiro você tem que enfrentar uma enorme fila para passar por um total de uns oito processos. Depois disso, eles verificam absolutamente tudo que você está levando, todos as bolsas, baú etc. Não pode entrar com alimentos ou combustível em galão. Esse processo todo dura em torno de 3/4 horas.

Portanto, se forem ao Chile saindo de Mendoza, saiam bem cedo.

 

7 – Polícia Caminera

Não sei quanto a vocês, mas antes de eu viajar eu estava com bastante medo da polícia argentina por conta de tudo que se ouve falar pela internet.

Comigo o lance foi o seguinte.

Na província argentina de Entre Rios eu cheguei a ser parado quase dez vezes em um único dia. Você vê que os caras te param na má intenção. Portanto, tranquilidade, buenos dias, buenas tardes, saia da moto e eles pedem a documentação toda. Por isso, bom deixar de fácil acesso todos os seus documentos, os documentos da moto, o seguro carta verde e o visto de entrada. Fazem perguntas como: pra onde você vai, de onde está vindo, por onde entrou no país, etc. Eles checam sempre o pneu pra ver se descolam um problema pra pedir um dinheiro. Comigo não rolou. E como minha moto é pequena e as estradas lá tem máxima de 120 por hora, eles nem se davam ao trabalho de inventar que eu estava viajando acima da velocidade.

Mas é bom deixar uns 300 pesos separados pra perder se for o caso.

8 – Dificuldades da viagem

Não tive dificuldades grandes durante a viagem. Digo, nenhum pneu furou, não fiquei enguiçado no meio do nada, não sofri nenhum acidente, não dormi na estrada nem nada.

Mas claro que dificuldades surgiram todos os dias.

Acho que a maior de todos foi enfrentar um frio com temperaturas abaixo dos 10 negativos nos Andes sem uma roupa adequada. Muito embora eu tenha vestido praticamente todas as minhas peças de roupa, a minha luva de frio era vagabunda, a balaclava não segurou a onda e o frio era de matar. Portanto, se for em período de frio, se prepare bem antes.

Outra dificuldade que senti medo foi numa tempestade de granizo que peguei no meio do nada. Os ventos eram absurdos, as pedras machucavam e caiam muitos raios… e eu ali agachado na estrada torcendo para aquela situação acabasse logo.

No mais, uma vela queimou, a bateria deu uma pequena descarregada; tive muitos contratempos com estradas fechadas, suporte do GPS quebrou e claro: a dificuldade de me comunicar em espanhol, já que só possuo o nosso portunhol.

Obs.: troquei óleo apenas uma vez, aos 5 mil km, como sugere o manual da moto. e trouxe o óleo velho de volta pra casa, cuidem do meio ambiente.

9 – Postos de gasolina

Fique atento, na Argentina, sempre que vir um posto em funcionamento, abasteça, mesmo que esteja relativamente com o tanque cheio. Uma vez quase tive pane seca, você fica horas numa estrada no meio do nada e quando aparece um posto, ele está fechado.

Lá a nossa gasolina é a NAFTA SUPER. Essa é de mesma octanagem da que se vende por aqui. Mesma coisa pro Chile.

Na Argentina tem muito posto de procedência duvidosa, sem marca. Muitas vezes tive que parar por falta de opção. Sempre que possível de preferência aos postos YPF, a moto rende melhor.

No Chile tem as marcas do mercado internacional, Shell, Petrobras e essa coisa toda.

 

10 – Câmbio de moedas

Melhor cotação de câmbio encontra-se na aduana argentina. Levei reais e lá os troquei por pesos argentinos. Na aduana chilena troquei também reais por pesos chilenos.

Evite usar cartão. Na hora da fatura vem a cotação do dólar do dia e impostos. Mas é bom ter para imprevistos e emergências.

Fique ligado. Na Argentina cartão MasterCard é pouco aceito, de preferência por levar um VISA.

 

11 – Reserva de hospedagem

Bem, eu não fiz as reservas antes da viagem. Todo dia, quando eu chegava no local programado, eu reservava a diária da hospedagem programada para o dia seguinte. Assim, se houvessem imprevistos, perderia apenas uma diária.

 

12 – Câmera

Usei uma GoPro hero 3+. Quando ia dormir, deixava carregando. Durante o dia, filmava somente trechos que me interessavam.

 

 

Bem, creio que é isso. Maiores dúvidas, podem me contactar por email:

ovictorpereira@gmail.com

 

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